OLÁ!

Quando comecei a estudar, a ESPM ficava num pequeno prédio da rua Humaitá, na Bela Vista, em S.Paulo. Mas antes de me formar, em 1981, a escola já havia se mudado para um prédio bem maior, na Rua Conselheiro Carrão, no mesmo bairro. Sempre quis trabalhar com criação. Por isso, foi essa minha opção no curso de Comunicação Social.

Minha primeira colocação foi como redatora em uma empresa de venda porta a porta. Estava ainda no segundo ano da faculdade. Pisciana, com 19 anos, ainda fantasiava muito sobre a profissão.

Mas os 5 anos que trabalhei lá me ensinaram muito. Me tornei uma pessoa mais “pé no chão” e totalmente apaixonada pela profissão que escolhi. Nunca mudei de área. Mas aprendi muito ao longo de toda carreira.

Tem gente que acha as duas coisas inconciliáveis. Não é o meu caso. Sempre fui criativa, objetiva e disciplinada. Muito cedo, dominei o dom da síntese. Por isso, meus textos são claros, objetivos e enxutos.  Por causa da facilidade com metodologias, também tenho habilidades especiais com planejamento, projetos, orçamentos e acompanhamento de prazos. Além de mandar bem na confecção de apresentações (sem falsa modéstia).

Passei boa parte da minha carreira no posto de Diretora de Operações, onde coordenei uma equipe multidisciplinar, sendo responsável pela gestão de vários setores: atendimento, criação, planejamento, mídia online e offline, produção gráfica e eletrônica. Tive a honra e o prazer de recrutar profissionais de excelente qualidade, que hoje estão muito bem colocados em grandes agências, ou fazendo carreira solo como escritores e artistas. 

Ainda estava na faculdade quando consegui meu primeiro emprego na área. Fui redatora por 5 anos na house dessa empresa de venda porta a porta. Lá, criava folders para os programas de promoção de vendas e indicações, fazia relatórios para orientar as reuniões entre promotoras e sacoleiras e roteirizava as apresentações usadas nas convenções de vendas.

Aprendizado: Das muitas coisas que aprendi nesse período, a mais marcante foi ouvir os clientes. A cada dois ou três meses tinha que sair com uma promotora para visitar sacoleiras. Sim, as sacoleiras, as verdadeiras clientes da empresa. Eram as sacoleiras que faziam os pedidos, divulgavam os produtos para os usuários, vendiam, recebiam e pagavam. As sacoleiras – em sua maioria, eram pessoas muito simples, que viviam em condições muito diferentes da nossa: as redatoras que escreviam para elas. O contato direto era fundamental para compreender expectativas e alinhar a linguagem.

Vida Pessoal: nesse período, me casei e tive minhas duas filhas, razão pela qual fui desligada da empresa. Minha demissão ocorreu logo que voltei da licença maternidade.

Demorei exatos 3 meses para me recolocar. Entrei no Senac como Redatora. Meu trabalho era criar folders para divulgação dos cursos técnicos que o Senac oferecia. Tinha contato direto com os clientes, que eram os gerentes das unidades que organizavam os cursos. Fazia, portanto, o papel de criação e atendimento: levantava o briefing, criava, apresentava para o cliente, pegava ajustes, aprovava e conduzia a produção gráfica com o departamento de arte.

Aprendizado: no Senac, cada cliente tinha sua linguagem, seu público, seu estilo. Lá, aprendi a ser versátil e a criar para os mais diversos tipos de necessidades e expectativas. Deixei o Senac um ano depois que entrei porque fui convidada a participar da criação de uma agência de comunicação. 

Vida pessoal: Após pouco mais de 3 anos de casamento, me separei e assumi sozinha a criação das minhas duas filhas. Contei com muito apoio na época: tanto da minha família, quanto da família do meu ex.

Os primeiros 2 anos da nossa agência foram bem difíceis. Éramos em 3 pessoas apenas para cuidar de tudo. Mas logo encontramos um “modus operandi” que garantiu para nossa empresa uma receita regular e estável. Naquela época, focamos nossa atuação no marketing direto e na comunicação dirigida. Aprofundei ainda mais a capacidade de desenvolver linguagem sob medida para cada público. Criamos também ferramentas exclusivas de marketing de relacionamento para fazer comunicação continuada e multiplicar os pontos de contato com o vários públicos. Com isso, construímos um portfolio de clientes e montamos uma estrutura para atende-los.

Aprendizado: a montagem de uma estrutura me fez confrontar os desafios da liderança. Mulher e jovem, fui muito desafiada por profissionais mais maduros que vinham para compor nossa equipe. A experiência me levou a amadurecer muito rápido. 

Nos anos 90 decidimos concentrar as atividades de Marketing de Relacionamento sob a marca Diretotal e a propaganda ficou sob a marca Interativa. Criamos equipes específicas para operar cada uma das marcas que exigiam expertises diferentes. Foi quando me tornei diretora de operações da agência, dirigindo as equipes de atendimento, criação, mídia e produção.

Aprendizado: nessa época aprendi a recrutar e selecionar profissionais para as mais diferentes tarefas e desafios. Tenho orgulho de ter selecionado para minha equipe muitos profissionais que hoje fazem sucesso em vários segmentos.

Vida Pessoal: Quando completei 30 anos já era dona do meu próprio negócio, separada e mãe de duas crianças. Foi preciso amadurecer rápido. O que não aconteceu sem uma certa dose de sofrimento. Mas valeu a pena. Os anos que se seguiram foram bem mais tranquilos e enriquecedores.

Em 98 nossa empresa passou a fazer parte de uma rede internacional de agências, a BBN, que significa Business, Branding, Network. Foi um momento de grandes aprendizados e convivência com profissionais do mundo todo. Na época, participei de encontros que ocorriam, cada ano, em um país diferente: Itália, França, Alemanha, Suécia, Republica Checa, Estados Unidos, Austrália… 

Aprendizado: Nos encontros da BBN as agências compartilhavam expertises. Assimilamos e incorporamos várias tecnologias para apoiar as empresas no Brasil em suas jornadas de Business Branding. Foi também nessa época que desenvolvi minha capacidade de conversação na língua inglesa para poder acompanhar os workshops e interagir com os colegas dos outros países.

Para responder aos desafios e oportunidades do Marketing Digital, nossa empresa reformulou sua estrutura. Era o momento de e atender os clientes em suas novas necessidades: sites, e-mail marketing, mídias sociais etc. Para mim, esse foi mais um período de muito desenvolvimento e crescimento profissional, onde pude acompanhar as mudanças do comportamento dos consumidores e assimilar novas técnicas e ferramentas para apoiar os clientes nesse ambiente.

Aprendizado: O conhecimento que envolve o mundo digital é mutante. Todos os dias surgem coisas novas que precisam ser absorvidas rapidamente. O foco no consumidor, na sua experiência na hora da compra e durante o consumo passa a ser cada vez mais decisiva para o sucesso. O ambiente competitivo se acirra e o mundo da comunicação vira de ponta cabeça, exigindo que as empresas e profissionais se reinventem continuamente. A propaganda se expande e dilui em novas mídias e quase tudo passa a acontecer no ambiente virtual.